segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Trânsito será o grande dilema para a próxima administração


Considerado um dos maiores problemas da administração pública, o sistema de trânsito das grandes capitais tem sido o assunto principal de vários encontros por todo o país. Os discursos debatem sobre as dificuldades para a manutenção do sistema viário e as possíveis soluções que podem ser utilizadas para um melhor fluxo nos principais centros, além de melhorias no acesso da população aos pontos comerciais.
Em Belo Horizonte, técnicos da prefeitura prevêem que o trânsito da cidade tende a ficar mais crítico em alguns dos principais corredores, caso não haja intervenções nestes locais. Segundo dados divulgados pelo Detran-MG, a frota de veículos na capital supera um milhão de emplacamentos. Grande parte desse problema pode ser atribuído às campanhas comerciais e às facilidades propostas para o financiamento na compra de veículos. Os descontos e promoções mirabolantes induzem o consumidor à valorização do transporte particular, aumentando o número de congestionamentos na cidade. Outro fator prejudicial relacionado ao caos do trânsito é a infra-estrutura das vias públicas. Apesar das melhorias, Belo Horizonte ainda registra altos índices de engarrafamentos e lentidões, principalmente em sua área central. A criação de novas malhas de circulação que evitem esse problema requer não somente liberações políticas, mas necessita de um plano de ação que abriga projetos e desocupações de moradores, fato muitas vezes prejudicial aos que deixam suas casas. Outra grande dificuldade enfrentada pela prefeitura são os locais para o estacionamento no centro da capital. Com o constante crescimento do número de veículos nas ruas, o pedestre passou a dividir os poucos espaços nos passeios com uma barreira de carros e motocicletas o envolvendo nas calçadas. Tudo regulamentado por placas e fiscalizado pelos agentes da Bhtrans.
Segundo o Governo Federal, a política de mobilidade urbana sustentável deve ser praticada como um conjunto de ações que visa proporcionar o acesso amplo e democrático aos espaços urbanos, priorizando a redução de impactos ambientais e sociais. Para que parte disso ocorra em Belo Horizonte, algumas mudanças comportamentais deverão ser aplicadas futuramente no cotidiano da cidade. Uma dessas possíveis alterações será, caso não haja uma mudança realmente significativa que atenda o sistema viário urbano, a implantação do rodízio de veículos no trânsito da capital. Talvez esse seja um sistema de deslocamento no transporte que será quase inevitável aos grandes centros populacionais do país. Criado em outubro de 2007 pela prefeitura de São Paulo, o revezamento foi implantado inicialmente para melhorar a qualidade do ar na capital paulista. A idéia era diminuir a poluição atmosférica durante o inverno, quando o ar fica mais seco, através da redução do número de veículos em circulação.
Mesmo com esses investimentos na construção e revitalização de ruas e avenidas, Belo Horizonte necessita de novas formas de transporte, além de um maior controle sobre a emissão de gás carbônico na atmosfera, proveniente da combustão nos motores dos veículos. Assim como em outras cidades do mundo, o uso da bicicleta poderá ser uma solução para o trânsito na capital. A criação de ciclovias interligando alguns bairros, além de compartilhar com a política de mobilidade urbana sustentável, é uma alternativa viável para a diminuição do fluxo de veículos nas ruas. É necessário apenas o envolvimento da população em uma campanha de conscientização sobre o futuro do trânsito na capital.
A mudança no Código Brasileiro de Trânsito (CBT) que proíbe o uso de bebida alcoólica, determinando a tolerância zero no trânsito, favoreceu na diminuição de veículos nos finais de semana, principalmente nas áreas dos bares e restaurantes de Belo Horizonte. O problema é um aumento no uso de solicitações de táxis pela população provocando esperas superiores a 30 minutos. Outra proposta para a retirada de veículos no trânsito é a diminuição do valor das tarifas de ônibus, incentivando o uso do transporte coletivo.
Todos esses problemas deverão ser administrados pela próxima gestão da prefeitura de Belo Horizonte, vencida pelo socialista Márcio Lacerda (PSB) no último pleito eleitoral. Aliás, sobre Lacerda, devemos ressaltar que a sua candidatura foi baseada em um acordo político firmado entre o governador Aécio Neves (PSDB) e o atual prefeito Fernando Pimentel (PT), visando as próximas eleições de 2010 (CS).

Fotografia: Claudinei Souza

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