segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Quem comanda o caos?


O ato de usar alucinógenos como alternativa de fuga social é um processo comportamental estudado e debatido há séculos por muitos filósofos, sendo tema de teses e livros como o clássico As Flores do Mal, do francês Charles Baudelaire. O consumo de entorpecentes acaba sendo um direito individual de liberdade sobre o que fazer com a própria vida, respeitando-se o sentido de livre arbítrio concedido desde a gênese humana. É aceitável desde que o indivíduo possa ser responsabilizado criminalmente por atos contra as normas de boa conduta social, violação do direito alheio ou por qualquer ação que cause danos a outros.
Em alguns lugares do mundo - como na Alemanha e Holanda - o governo local acabou liberando o uso da maconha em espaços públicos, restrito a alguns pubs e cybercafés na Europa. Essa atitude levou em conta que o uso da canabis pode provocar a indução a outras drogas, independente da classe social ou do meio em que vive o indivíduo.
É certo que a aquisição de drogas financia a violência, a compra de armas e aumenta a coação através do enorme volume financeiro que é gerado pela venda desses produtos.
A problemática está no controle de todo esse mercado. Quem administrará a violência e o terror instaurado pela ganância do lucro fácil? Mais do que isso, existe a questão sócio-cultural do nosso país.
Compará-lo - um país que possui pouco mais de 500 anos de descoberto e uma democracia que ainda está em formação - com os grandes centros culturais europeus é um absurdo. Falta à população brasileira a cultura de saber respeitar os direitos dos outros. A vinculação do uso de drogas com a violência é formalizada pela pouca cultura da população, inclusive a da classe média.
O desejo pela fuga social é deturpado pela vontade de rebeldia e insurgência contra o Estado e as condições de sobrevivência que ele nos impõe. Não se pode confundir ou aceitar que direito de expressão e manifesto de repúdio seja manipulado pela ideologia criminal. Por essa perversa ótica, cidadãos comuns se tornam criminosos pela simples condição de querer ser alguém de relevância dentro desse sistema predatório, recorrendo a formação de grupos especializados em promover o caos.
Mais do que isso, a violência é um fator que se tornou característica pela própria condição do poder de ostentação da marginalidade, de criminosos que atentam contra a liberdade alheia por se achar excluído da sua própria. É uma guerra pelo direito de querer ser um cidadão respeitado e de boas condições financeiras, de poder sentir e possuir uma condição melhor do que lhe foi ofertado pela vida. E isso tem um preço!
A corrosão de todo o sistema promove o aliciamento financeiro do tráfico de drogas, onde cada vez mais adolescentes estão entrando para o sub-mundo por encontrarem nele o lucro fácil, o dinheiro fácil de se ganhar.
Paliativamente, medidas funcionais que promovam a inserção do cidadão ao mercado de trabalho e a promoção de valores sociais é um discurso que não consegue apaziguar totalmente o caos instaurado. A solução talvez ainda esteja por vir, assim como ocorreu na Europa.
Por enquanto, legalizar talvez não seja a melhor escolha, pelo menos para os próximos anos. (CS)

Imagem retirada do site www.google.com